Cai o sol no horizonte do Rio de Janeiro exatamente ás 17:58. Eu, que nunca fui de acreditar em destino, fábulas, surpresas e emoções, vejo você sentada nas minhas pedras da praia. Os pulsos enfaixados em branco, os olhos envoltos por vermelho. Você chora sangue pelos pulsos, você suspira amor pelo coração.
Você, que não sou eu, e muito menos ela, precisa de nós duas. Precisa de mim, e dela, e dele. Não. Você precisa, desesperada e doloridamente, de você. Você pensa nas pedras, pensa no mar, pensa que se jogar ali seria estar em sintonia com a natureza, mas ainda não entendeu que eu sou o mar, que eu te levo pra onde você quiser ir, amor. E que ela, bom, ela é aquelas pedras pontiagudas e extremamente geladas nas quais você quer sempre estar sentada.
Deito a sua cabeça em meu peito e ouço o teu choro dorido correr reprimido pela minha roupa. Aperto teus pulsos pra doer tanto tanto, na esperança de fazer o coração respirar por um segundo o ar puro daquele mar.
- Você tá pronta?
- Tô.
A manchete do dia seguinte nunca vai revelar o que nós realmente sentimos naquele momento. Ainda bem.
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