A tua voz é daquela que embala a gente quando tá tudo uma confusão danada. É voz nova pros ouvidos, mas velhinha, bem idosa mesmo, pro coração. Voz de amiga antiga, com aquele jeitão de mãe e suspiros de poesia. A tua voz é bonita que dá gosto e vontade de ter um zilhão de problemas, só pra ouvi-la incessantemente dizendo coisas bonitas.
Mas eu tenho medo, sabe? Um medo bonito, porque amor eu não temo, não. Não quero que você faça besteira, não quero eu fazer nada também errado. Mas é difícil, querida. Muito. Sabe como dizem por aí, que uma mulher consegue tudo por ser, enfim, mulher.
Mas...
(...)
Não é por mim que tenho esse cuidado não, é por ti. Teu coração já anda tão, mas tão machucado que essa voz, te ligando sei lá de onde pra falar sei lá de que pode querer perfurá-lo, rasgá-lo em mil, e depois deixá-lo ali, caído, dentro de ti. Do jeito que você é, e do jeito que imagina tanto, tanta coisa. Porque em ti tudo cresce assim rápido, tua cabeça não pára, tem sempre zilhões dessas coisas bonitas e que te machucam acontecendo por aí.
Quero te proteger, sabe? Proteger de mim, e de ti, e de tudo que pode acontecer. Porque os olhos, afinal de contas, eles nem importam tanto e as mãos, a gente pode segurar a de um amigo e fechar bem os olhos, lembrando da voz, e fingindo ser quem a gente quer que seja.
O que conta é a voz, sabe? Então não deita na minha, por mais que ela seja macia e confortável. Eu vou continuar cuidando de ti e te fazendo rir, mas por favor, não me ama, porque eu demorei tanto pra achar alguém que valesse a pena pra ser doninho aqui de dentro de mim e é assim que eu sou, egoísta mesmo.
Talvez eu esteja errando, talvez não. Mas de qualquer forma, eu tô tentando te salvar de você mesma. Então não esquece disso, mas não mesmo. Eu te amo como a uma flor que desabrocha, meu bem.
P.S.: Só pra você saber, eu também nunca vi uma flor desabrochando.
terça-feira, 5 de maio de 2009
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