Vagueio pelas ruas de uma cidade fedorenta e cinza da falta de você. Sinto falta daqueles dias azuis nos quais o cheio das flores que saíam do teu sorriso pairavam pelo ar acobreado da fumaça dos nossos cigarros. Bons tempos, meu amor, bons tempos.
Por aqui as coisas andam devagar, mesmo sendo a cidade mais rápida do país. É tudo muito chato sem você aqui. Já enviei vinte e sete cartas e tenho certeza de que não setá a vigésima oitava que você abrirá pra ler, mas escrevo mesmo assim. Essa é a única força que me move por aqui.
Tenho pensado muito se todo esse dinheiro vale alguma coisa, quando o que eu queria mesmo era voltar a sentir a tua pele na minha ao adormecer e ao acordar. Queria muito, muito destruir o teu orgulho e te trazer pra cá, mas não posso.
Dormir é um pesadelo constante que acontece quando eu estou acordada.
(...)
Só de pensar naquela vagabunda que você abriga por aí, ai, Jesus. Dói o coração forte e ardentemente, meu amor. Mas tudo bem. Deixa. Eu que te abandonei mesmo, mereço tudo que doer, tudo que machucar, tudo que ferir, porque nada mais, além disso, realmente dói.
Dia desses qnaunto saía do metrô e atravessava a rua para casa, quase fui atropelada. Não doeu, não assustou, não acordou, não moveu meu mundo. Cheguei em casa, enchi a banheira e tentei ficar lá dentro imersa na água limpa-imunda da tua ausência.
Chorei.
(...)
Andando pelos corredores da universidade um dia desses me deparei com um homem que tinha o teu cheiro; aquele que eu tentei esquecer, do perfume que uma vez eu te dei e você deixou derramar todo na minha cama, ficando com o teu cheiro pra sempre. Aquele colchão que eu simplesmente não consegui trazer na mudança porque céus, que mudança seria essa com você ainda impregnado em mim? - eu pensava.
Na volta pra casa, fui ao shopping. Comprei o perfume e fiz exatamente o mesmo que havia acontecido aí. Não consegui dormir, comer, não consegui me movimentar ou pensar em algo que não tivesse o som do teu sorriso. Tentei o truque da banheira novamente, mas meu amor, nem isso funcionou.
No dia seguinte, levei o colchão para uma fundação de crianças carentes. Meu colchão novo não tem o cheiro de você, mas tem a tua presença tão mais forte que me assusta o fato de eu não precisar de nada, absolutamente nada, pra te ter comigo.
Ai, meu amor. Faz esses dois anos que faltam passarem bem depressa com a tua mágica, faz a vagabunda sair do teu coração, faz eu esquecer de tudo aquilo que eu pensei ser meu destino. Faz amor, vai. É que eu não aguento mais viver assim...
Saudade dos dias azuis.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
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