terça-feira, 21 de setembro de 2010

Porque não estou onde você está (21/09/2010)

Vamos parar de procurar motivos pra brigar, você me disse, em um certo momento. Maturei a frase, mastiguei os sentimentos contidos em cada palavrinha que saiu dos seus dedos. Veja bem, meu amor, minha dor, isso tudo se explica por uma outra simples frase: porque não estou onde você está.
Não estou onde você está porque esse país é grande demais pra fazer duas pessoas tão com almas tão coerentes habitarem o mesmo estado; não estou onde você está pra que você mostrasse um mapa pra Elise com um país que a fez entender a imensidão a gente sente.
Não dividimos ainda o mesmo lar não por não estarmos preparados, mas porque os outros ainda não estão preparados. Eles ainda querem arranjar um sentido, uma fotografia, uma coisa qualquer pra palavra "saudade", e, sinceramente, não acho justo que tenham jogado todo esse peso em nossos ombros.
Procuro, remexo, chacoalho a cabeça e o corpo inteiro atrás de um motivo, uma explicaçãozinha sequer pra essa dor que eu tenho que sentir todos os dias ao deitar naquela cama gelada da falta de você. Falta oxigênio naquele quarto, meu amor, falta a vida que eu deixei aí pra você guardar no seu coração e preparar pra nós dois com açúcar e afeto.
Não estou onde você está porque tem muita gente burra nesse mundo e, embora isso pareça uma incoerência no meio de todas as palavras, é uma reclamação sensata. Pais são burros, aeromoças e pilotos e companhias aéreas, todos burros. Ah, se eles soubessem... Se apenas eles soubessem que ao fazer isso conosco, nos manter separados assim durante essa primavera...
Se soubessem que ao nos manter separados horrendamente durante essa primavera nos faria encontrar a maior arma possível, essa que a gente chama de amor-Mitgefühl, essa só nossa, feita de risos e abraços e amor e sexo e filhos e choros e desespero e tudo mais que a gente sente e faz, meu amor... Me dá até afã de pensar neles sabendo disso.
Mas eles não sabem, então eles bateram na gente com a nossa própria vida. Eles não sabem, então eles fizeram a gente procriar algo de mais magnífico que poderia existir nessa vida. Algo que só eu sei, e que você sabe também, porque a gente se ensina. Algo que existe porque eu, logo logo, estarei onde você está.
Só mais 15. Só mais uma primavera.

Com Amor, Alice.

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