Eu deixo você aprender a tocar piano nas minhas costelas, usar minha costa como partitura e contar incessantes vezes os meus dedos dos pés, só pra fazer cócegas. Deixo você habitar meu anelar esquerdo com um pedaço de aço, até fumo um dos seus cigarros Fortes de Homem, pra você não ter que me deixar por cinco minutos pra comprar os meus.
Te empresto meus amigos se você vier morar nessa minha cidade dos infernos, e levo cerveja pra casa nos dias extremamente quentes, pra você se acostumar mais rápido. Eu corto seus cabelos e faço a sua barba quando você estiver preguiçoso e manhoso demais ao amanhecer, mas tiver que ir trabalhar.
Carrego tua filha na barriga por nove meses, cuido dela por mais uma vida, ao seu lado, acho que a gente consegue. Por você eu deixo de sonhar com gatos e cupcakes, pra te ter por mais tempo pertinho assim.
Desenterra esses pés que as ondas esconderam sob a areia. Eu já disse que te puxo e recosturo e mordo e faço o que tiver que fazer pra tudo ser como não como é, mas deveria ser, sem palavras ditas, um quarto cheio dos nossos olhares e suspiros, uma vida refeita e reinventada, pra o outro encaixar, assim, meio quebra-cabeça.
Então vem, a cidade já te conhece, as pedrinhas das ruas na Cidade Velha já te são familiares, as mesas de bar já cansaram de me ouvir te cantar por lá, minha costela sente a falta dos dedos imaginados e meus pés não param de tropeçar um no outro, sem saber pra onde ir, querendo seguir apenas essa saudade que é, por estares nos meus olhos, mas não em meus braços, e eu te vendo assim, complemento meu que é, por todos os lugares onde passo...
sexta-feira, 4 de junho de 2010
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